ATA DA PRIMEIRA REUNIÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 06-02-2002.

 


Aos seis dia do mês de fevereiro do ano dois mil e dois reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Comissão Representativa da Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e trinta minutos, foi efetuada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Cassiá Carpes, Haroldo de Souza, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, José Fortunati, Juarez Pinheiro, Raul Carrion e Reginaldo Pujol, Titulares. Ainda, durante a Reunião, compareceram o Vereador Ervino Besson, Titular, e os Vereadores Antonio Hohlfeldt, Nereu D'Avila e Sofia Cavedon, Não-Titulares. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata de Instalação da Segunda Comissão Representativa, que deixou de ser votada face à inexistência de quórum deliberativo. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Ervino Besson, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador João Antonio Dib, os Pedidos de Informações nºs 018, 022, 023 e 024/02 (Processos nºs 0411, 0480, 0481 e 0482/02, respectivamente); pelo Vereador João Carlos Nedel, os Pedidos de Informações nºs 015, 016 e 017/02 (Processos nºs 0407, 0408 e 0409/02, respectivamente); pelo Vereador Reginaldo Pujol, 03 Pedidos de Providências e os Pedidos de Informações nºs 012, 013 e 014 (Processos nºs 0352, 0362 e 0363/02, respectivamente). Do EXPEDIENTE, constaram: Ofícios nºs 001/02, do Vereador Osório da Silva Ramos, Presidente da Câmara Municipal de Nova Hartz - RS; 001/02, do Vereador Manoel Pedro Silveira Castanheira, Presidente da Câmara Municipal de Soledade - RS; 001/02, do Vereador José Eduardo Arnecke, Presidente da Câmara Municipal de Ivoti - RS; do Vereador Jaime Noronha Lorentz, Presidente da Câmara Municipal de Formigueiro - RS; do Vereador Jorge Luis Vieira Gatiboni, Presidente da Câmara Municipal de Cerro Largo - RS; 001/02, do Vereador José Eli Difanti Nágera, Presidente da Câmara Municipal de Quevedos - RS; 001/02, do Vereador Reinoldo Hess, Presidente da Câmara Municipal de Novo Machado - RS; 001/02, do Vereador Evandro Fascina, Presidente da Câmara Municipal de Anta Gorda - RS; 001/02, do Vereador Delmar Mebius, Presidente da Câmara Municipal de Três de Maio - RS; 001/02, da Vereadora Elena Famer, Presidenta da Câmara Municipal de Capivari do Sul - RS; 001/02, do Vereador Ireno Carlos Bohn, Presidente da Câmara Municipal de Mato Leitão - RS; 001/02, do Vereador Ornélio Arnoldo Linch, Presidente da Câmara Municipal de Passo do Sobrado - RS; 001/02, do Vereador Evandro Sampaio de Oliveira, Presidente da Câmara Municipal de Chapada - RS; 001/02, do Vereador Clênio Stein, Presidente da Câmara Municipal de Mata - RS; 001/02, do Vereador Elpídio Tencarte, Presidente da Câmara Municipal de Andradina - RS; 001/02, do Vereador Alceu Foiatto, Presidente da Câmara Municipal de São João da Urtiga - RS; 001/02, do Vereador Celso Machado, Presidente da Câmara Municipal de Aceguá - RS; 001/02, do Vereador Amilcar Pereira de Pereira, Presidente da Câmara Municipal de Quaraí - RS. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Haroldo de Souza analisou criticamente as políticas públicas implementadas pelo Executivo Municipal, no que diz respeito à inclusão social de menores carentes, especialmente durante a realização do Fórum Social Mundial 2002, em Porto Alegre. Também, questionou a postura adotada pela comissão organizadora do Fórum, atinente à participação do Vereador José Fortunati nesse evento. O Vereador Raul Carrion discorreu acerca da atuação de Sua Excelência em seminários realizados no Fórum Social Mundial 2002, ocorrido de trinta e um de janeiro a cinco de fevereiro do corrente, destacando a importância desse acontecimento para o debate sobre os direitos democráticos e sociais de todos os povos. Ainda, manifestou-se contrariamente à implantação da Área de Livre Comércio das Américas - ALCA. O Vereador João Antonio Dib discursou sobre as relações democráticas estabelecidas entre os Poderes Legislativo e Executivo municipais e chamou a atenção para episódio envolvendo o Vereador José Fortunati, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, que foi impedido de participar de atividade do Fórum Social Mundial 2002. Também, questionou o Governo Municipal relativamente à aplicação de recursos públicos no sistema financeiro nacional. O Vereador Juarez Pinheiro teceu considerações sobre a importância do Fórum Social Mundial 2002, no que tange à apresentação de propostas para combater a exclusão social no mundo e preservar os direitos fundamentais do homem. Nesse sentido, contrapôs-se às políticas sócioeconômicas desenvolvidas pelos Estados Unidos da América - EUA e aludiu à trajetória política do Vereador José Fortunati em defesa das causa sociais. O Vereador Reginaldo Pujol analisou aspectos alusivos à realização, em Porto Alegre, do Fórum Social Mundial 2002, afirmando que o evento teve claras influências político-partidárias na sua composição e no desenvolvimento de suas atividades. Também, criticou o impedimento imposto pela organização desse Fórum ao Vereador José Fortunati, no sentido de impedir Sua Excelência de participar de um dos seminários ali realizados. O Vereador Antonio Hohlfeldt cumprimentou o Vereador José Fortunati pela assunção ao cargo de Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, externando sua solidariedade a Sua Excelência por ter sido impedido de participar do Fórum Social Mundial 2002. Ainda, teceu críticas à falta de apoio do Executivo Municipal, na instalação de infra-estrutura do Acampamento da Juventude e apresentou denúncias de perseguições políticas sofridas por funcionários do Abrigo Ingá Brita. O Vereador Nereu D'Avila lamentou a atitude tomada pelos organizadores do Fórum Social Mundial 2002, no sentido de obstar a participação do Vereador José Fortunati em um dos seminários do evento, mencionando ato promovido ontem pela Executiva e pela Ala Jovem do Partido Democrático Trabalhista, em desagravo à situação enfrentada pelo Vereador José Fortunati e informou que protocolizará uma Moção de Repúdio aos organizadores do evento, com relação ao ocorrido. Às dez horas e vinte e oito minutos, constatada a inexistência de quórum para ingresso na Ordem do Dia, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Reunião Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador José Fortunati e secretariados pelo Vereador João Carlos Nedel. Do que eu, João Carlos Nedel, 3º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente, Ver. José Fortunati; Srs. Vereadores, Sr.as Vereadoras, amigos e amigas que aqui estão.

Eu não sei, é a 1ª Reunião Representativa que participo, se está certo pedir Comunicação de Líder, se não estiver, por favor, me desculpem.

“A verdade do Rafa.

Eu tinha dito na rádio, ... tinha agradecido, lá, no meu trabalho, na Rádio Guaíba, o feito do Governo com respeito ao desaparecimento, quase que total - eu acho que foi total -, dos meninos e meninas de rua de nossa Cidade, durante o Fórum.

Nas madrugadas de sábado e domingo passados, andei pelos locais onde encontro sempre esses meninos e meninas que moram nas ruas e não os encontrei.

Fiz comentários elogiosos ao cumprimento de promessa do nosso Prefeito, Dr. Tarso Genro, nosso Prefeito, porque moramos em Porto Alegre e não interessa o Partido dele, para mim, Tarso Genro é o nosso Prefeito ou não?

Logo eu posso tentar conversar com ele, elogiá-lo, devo, quando merece e atitudes, como essa, a retirada dos meninos e meninas de rua, é uma dessas atitudes.

Isso me rendeu, inclusive, agradecimentos de alguns petistas com quem cruzei pelas ruas da Cidade, então, pensei: missão cumprida.

Onde entra a verdade do Rafa?

Ontem, à noite, deixei o Mega Bingo por volta de uma hora da manhã, fiz de propósito - mas também gosto de jogar um binguinho, claro, ninguém tem nada que ver com a minha vida particular -, e de novo passei por todos os lugares onde, atualmente, encontro crianças de rua e tal foi a minha surpresa: comecei a encontrá-las de novo. Sem andar muito, alguns taxistas me procuraram e disseram que as crianças estavam de volta às ruas.

Fui até a Praça da Alfândega e encontrei o Rafael com quem travei o seguinte diálogo:

‘E, aí, ó cumpadre, quantos anos você tem?

- Tenho 13, tio.

Você mora na rua?

- É, eu moro.

Mas onde é que você estava na última semana que eu não te vi, não te viram por aqui, onde é que você andava, hein?

- Ó tio, nós fomos para uma casa de inverno que eles nos deram para ficar por uns dias.

E agora vocês vão morar onde? E o Rafa foi cortante:

- Ninguém olha por nós, só falam. Agora nós vamos voltar a morar embaixo da ponte da Rodoviária.’

Aquilo, gente, me cortou por dentro. Como é que se pode jogar com o ser humano assim? Como é que a política tem esses tipos de capítulos asquerosos? Por quê? Quando os mendigos foram tirados das ruas do Rio de Janeiro, na realização não sei do que do governo de lá, eu falei – onde eu trabalhava, ou trabalho – da minha vergonha por viver num País onde um Estado como o Rio de Janeiro, cartão de visitas deste País, ou um deles, tomou esse tipo de atitude para fugir à responsabilidade, mentir para os visitantes e tirar proveito político daquilo. É um direito meu, agora, aqui e lá onde eu trabalho, registrar essa minha decepção em nome da sociedade porto-alegrense, que também tem parte com o Fórum Social Mundial. Tem, sim, porque é um acontecimento que deveria ser da Cidade, do Estado e não um clube fechado. Não é, Presidente Fortunati?

Não foi esse tipo de decisão na política que eu esperava ter de conviver.

Estou triste e preocupado, porque a partir do instante em que o ser humano é considerado só uma peça que se pode manipular, realmente, não é o meu jeito de fazer política, de ver a política e muito menos a minha vida.

Para sustentar essa maquiagem feita com os meninos e meninas de rua, quem sabe a gente compra rouge, baton, sei lá mais o que e vamos manter a nossa Porto Alegre maquiada, bonita, altaneira, faceira, cheia de orgulho por ser a primeira cidade a dar um fim nesse verdadeiro câncer social que é a política do governo quanto aos abandonados pelas ruas da nossa Cidade.

E quero, para encerrar, dizer que fiquei muito triste com o fato de o Presidente do nosso Legislativo Municipal, o nosso representante, o representante desta Casa e, por conseqüência, representante da Casa do Povo, ter sido vetado na programação do Fórum Social Mundial, que, segundo me disseram, é um acontecimento da Cidade, do Estado e não de um partido.

Acho que os petistas pisaram na bola nesse lance, faltando com o respeito para com a maior autoridade deste nosso Parlamento; o pré-candidato ao governo do Estado; o ex-petista, meu amigo, José Fortunati.

Achei essa decisão política profundamente lamentável. Esta é a democracia petista? O Presidente da Câmara não pôde participar do Fórum?

E eu que pensei que o Fórum Social Mundial era feito com o nosso dinheiro, da Cidade, e do Estado, que todos nós vivemos! Lamentável!” Profundamente lamentável! Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, no dia de hoje, em nome da Bancada do PC do B, gostaria de tecer algumas considerações acerca desse fabuloso evento que foi o II Fórum Social Mundial que se realizou em Porto Alegre entre os dias 31 de janeiro e 5 de fevereiro, colocando Porto Alegre, uma vez mais, como centro do mundo e como centro da luta de resistência dos povos contra a barbárie neoliberal e contra a barbárie imperialista que hoje avassala o nosso mundo. Eu queria destacar alguns dados que a imprensa traz no dia de hoje. Foram mais de sessenta e oito mil participantes, dos quais trinta e cinco mil eram ouvintes, quinze mil, duzentos e trinta eram delegados e doze mil pessoas que acamparam para poder participar; foram quase cinco mil organizações de todo o mundo, e cento e cinqüenta nacionalidades que aqui participaram; mais de três mil jornalistas, cento e trinta e cinco convidados para grandes palestras, setecentas oficinas de trabalho, cem seminários e vinte e oito conferências, sem falar no Forunzinho que reuniu duas mil e quinhentas crianças. No Fórum em si ou no fórum parlamentar - onde esta Casa inscreveu diversos Vereadores - nós tivemos a oportunidade de participar de dois seminários como coordenador; um deles foi uma oficina na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, sobre o tema “É possível a paz na Colômbia”; outro foi o seminário “Guerra, terrorismo e ameaça à democracia”, que nós organizamos e que dirigimos a Mesa “Socialismo ou barbárie?”. Nós sentimos um avanço enorme nesse II Seminário que teve uma marca, evidentemente, antiglobalização - Ver. João Antonio Dib - mas que foi além disso; teve uma marca claramente antiimperialista e, em grande parte – não evidentemente a totalidade –, um sentimento de que um outro mundo é possível, mas que esse outro mundo possível não é este mundo imperialista que está aí, não é este mundo capitalista de exploração, de opressão. Eram milhares de vozes que diziam: um outro mundo é possível. Mas, esse outro mundo, para ser possível, deverá ser um mundo socialista.

Outra grande questão que esse Fórum colocou foi a paz, Ver. João Carlos Nedel. Mas não é a paz dos cemitérios que os povos querem. Eles querem a paz com justiça social, eles querem a paz com autodeterminação dos povos, com soberania dos povos. E não a pax Romana ou a pax do império norte-americano, que é a paz debaixo das bombas, que é a paz dos prisioneiros em condições infra-humanas, que é a paz sem direitos humanos que a reação internacional - em nome do combate ao terrorismo - hoje tenta impor aos povos do mundo.

Também a luta contra a ALCA, Ver. Haroldo de Souza, foi extremamente forte. A grande caminhada do último dia do Fórum, com cerca de cinqüenta mil pessoas, teve como centro a bandeira da luta contra a ALCA; assim como a caminhada da abertura, teve como centro a bandeira da paz. O apoio, Ver. João Antonio Dib, à luta contra o massacre do povo palestino; a luta de apoio ao povo argentino, que acreditou no modelo neoliberal, que seguiu a receita do FMI e está hoje destruído como nação, com milhões na rua protestando contra o desemprego e a miséria.

Para concluir, Sr. Presidente, queria trazer a solidariedade do PC do B a V. Ex.ª e dizer - como inclusive conversávamos no início desta Reunião - para os que não o sabem, que, na verdade, a restrição ao Presidente desta Casa não partiu dos organizadores do II Fórum Social Mundial. Foi numa das tantas oficinas – foram mais de setecentas oficinas, mais de cem seminários -, que são autônomas em relação ao Fórum, cujos organizadores, no entender do meu Partido, numa atitude incorreta, tiveram esse comportamento. Inclusive deixo registrado aqui que no fórum que nós organizamos, Guerra, Terrorismo e Ameaça à Democracia, a Câmara, inclusive, foi uma das promotoras e foi encaminhado um convite para o ato de abertura ao então Presidente, Fernando Záchia, e, inclusive, o consultamos se referido convite havia sido repassado ao novo Presidente, José Fortunati. Sei que, talvez, pelos seus compromissos, não teve a oportunidade de participar. Então, no Seminário que organizamos o convite à Câmara foi feito e o convite ao Presidente da Câmara foi feito.

Agradeço pela atenção e me desculpem por haver extrapolado um pouco o tempo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder pelo PPB.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quando eu fui Prefeito, gostava de dizer que o Prefeito era o responsável por uma grande casa, onde morava muita, muita gente. E, como todos sabemos, nas nossas casas, sempre aparecem problemas. É uma lâmpada queimada, é uma goteira, é uma torneira que não funciona, é um eletrodoméstico que tem que ser mudado. É isso que o Prefeito, o responsável pela cidade, tem que fazer com os recursos colocados à sua disposição. Portanto, o responsável pela casa, dizia eu, sempre, é o Prefeito, secundado pelo Presidente da Câmara Municipal. Ora, se os dois são os responsáveis pela grande casa, que é a casa de todos nós, eles têm direito de entrar e sair na hora em que assim desejarem. A nova Lei Orgânica é diferente daquela sob a égide da qual eu fui Prefeito. Eu era dirigente do órgão executivo; o Presidente da Câmara, do órgão legislativo. Hoje, não! É o Poder Executivo e o Poder Legislativo. O Poder Executivo representado pelo Prefeito Tarso Fernando Genro, e o Poder Legislativo representado pelo Presidente da Casa, hoje José Fortunati. Portanto, são as duas pessoas que são as donas da casa.

Realiza-se um Fórum Mundial na casa e aí não permitem que aquele que tinha mais titularidade, aquele que tinha mais representatividade e que tinha todas as prerrogativas - porque o Presidente da Câmara está representando 100% dos eleitores e o Prefeito da Cidade, no primeiro turno, não chegou a 50% -, que esse que está representando 100% dos moradores da casa faça a sua palestra. E é excluído. Essa foi uma ofensa não ao Sr. José Fortunati: foi uma ofensa ao povo que mora na casa, ao povo de Porto Alegre, que não pode entender que o Presidente da Câmara, Chefe do Poder Legislativo, dono da casa, não possa participar de um fórum que se realiza na sua casa.

Mas o Prefeito Tarso Genro, como de resto os que o antecederam, faz uma prestação de contas na esquina da rua antes de fazer a prestação de contas para os representantes do povo de Porto Alegre e diz, com todas as letras, que a Prefeitura investiu, em 2001, 126 milhões de reais. Eu havia perguntado ao Prefeito Tarso Fernando Genro, no início ou meados do mês passado, o que ele fazia mantendo em média no sistema financeiro, entre junho e outubro, mais de 140 milhões de reais; isto é, aplicados no sistema financeiro para renderem juros de 1%, 1,2%, 1,5% talvez, e ele gastou 126 milhões, mas em investimentos são todos, e naqueles 140 milhões, em média, tem de se contar que ele tinha em média 25 milhões de reais vinculados às obras da III Perimetral, e tinha mais ainda no dia 31 de outubro: 48 milhões de reais em conta corrente. E eu pergunto: onde está o dinheiro da Prefeitura? Será que todas as nossas necessidades estão resolvidas ou apenas nós vamos querer arrecadar mais e mais para enriquecer o sistema financeiro? Será que é essa a preocupação que tem o Prefeito de Porto Alegre, ao invés de resolver os problemas que aí estão enfrentando e afrontando toda a população, todos os dias, como os alagamentos? Investiu 126 milhões e tinha no banco sempre acima de 215 milhões de reais. Eu estou falando do segundo semestre, pois, desses 126 milhões, muita coisa foi paga no primeiro semestre. Onde está o resto do dinheiro? O jornal aqui diz que o superávit da Prefeitura é de 50 a 100 mil reais. Eu acho que há um equívoco, deve ser de 50 a 100 milhões de reais. Nós vamos analisar.

Eu, inclusive, telefonei ontem para a Secretaria da Fazenda solicitando o balanço bimestral, que deveria dizer qual a situação da Prefeitura no dia 31 de dezembro no sistema financeiro, no sistema bancário, com os seus servidores, com os pagamentos realizados. Passados um mês e seis dias, ainda não foram publicados. Espero que, nesta semana ainda, a Secretaria Municipal da Fazenda, por intermédio do seu competente Secretário, faça essa publicação, para que possamos fazer uma análise do tanto que a Prefeitura tem de dinheiro e do pouco que aplica na solução dos problemas da população. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, seria desnecessário que viéssemos aqui, em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores, para chamar a atenção para a grandiosidade do que ocorreu em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, no Brasil, nos últimos dias. Mas também seria despropositado se a Liderança do PT nesta Casa Legislativa, a Casa que representa o Poder Legislativo de uma cidade que como nenhuma outra no Brasil, na América Latina, e em exemplo para o mundo, aprofunda o real conceito de democracia a partir do momento em que conjuga democracia representativa, que é uma conquista da humanidade, datada no século XVIII com a democracia direta representada por um processo revolucionário constituído em nossa cidade.

Quero aqui reconhecer questões colocadas principalmente pelos Vereadores que me antecederam, relativamente à participação do Fórum, mas quero, Ver. José Fortunati - que dispensa, inclusive, esse tipo de coisa, porque tem uma trajetória na luta em defesa dos direitos humanos, na luta em defesa dos despossuídos; que dispensa, inclusive, esse aproveitamento secundário e rebaixado, porque o Ver. José Fortunati, tenho certeza, não é porque mudou de partido, isso, toda a cidade sabe, que vai rasgar a sua história de luta e a sua trajetória. E sabe que esse aproveitamento demagógico de questões secundárias não vão tirar e não vão empanar um acontecimento que é reconhecido, hoje, mundialmente.

O que aconteceu em Porto Alegre? E por que não devemos descontextualizar algo tão importante? Porto Alegre foi, nesses últimos dias, Ver. José Fortunati - que participou do 1.º Fórum Social Mundial, que acompanhou esse, que poderia ter ido também, assim como eu participei -, foi o centro de um grande debate, ou seja, o mundo hoje discute se o centro das políticas públicas deve ser o mercado, se ele deve regrar e submeter a vida das pessoas levando à desigualdade, à injustiça social ou se a pessoa humana deve ser o centro das ações do Estado, seja ele em qualquer esfera de um país, de um Estado ou de um Município. O que vemos hoje é o império das grandes corporações, dos monopólios, dos oligopólios que submetem e fazem com que milhares e milhares de pessoas venham, inclusive de fome, a falecer diariamente em todo o mundo, e fazem com que haja uma grande concentração de riqueza na mão de poucos e que a humanidade retorne a períodos similares à Idade Média.

O que houve em Porto Alegre foi um encontro das pessoas de todos os continentes preocupadas com o ser humano, com mais de cento e seis etnias. Eu aqui não vou querer ditar números, eles estão nos jornais de hoje, porque não quero me perder no que é secundário, Ver. José Fortunati. Eu quero ficar no que é fundamental, no que é a essência. O Chomsky – que todo mundo conhece –, que é um intelectual americano, que lá, nos Estados Unidos, por ir de encontro à prática belicista, à prática de escravidão imposta pelos Estados Unidos e pelos países do G-8 aos países pobres, disse o seguinte: “Ou o mundo acaba com a guerra, ou a guerra acaba com o mundo”. Esse é o grande centro do debate. O Fórum Social Mundial, na segunda versão, ultrapassou os protestos de Seattle, que eram meramente protestos e não eram propositivos, mas foram importantes e foram um marco na luta dos trabalhadores, na luta da humanidade contra o modelo genocida, hoje hegemônico em nível mundial, e passou um ser um fórum propositivo.

Inúmeras propostas foram tiradas em mais de quinhentas oficinas, em conferências realizadas.

Para concluir, Sr. Presidente, queremos dizer que, Porto Alegre, durante esse período, foi o centro mundial da discussão do que é mais importante hoje para que venhamos a discutir, ou seja, a vida humana, o direito de todas as pessoas viverem com dignidade, com trabalho, sem exclusão, contra o racismo, contra todo o tipo de exclusão social. Esse fato é o grande fato marcante.

Quanto à questão do Ver. José Fortunati não foi nem a direção do fórum, eram mais de quinhentas oficinas funcionando de forma conjunta, e uma atitude de uma oficina, que tinha autonomia para dispor sobre essas questões, não pode, de forma alguma, empanar. E eu sei que o próprio Ver. José Fortunati, com a responsabilidade de militante social, que tem uma trajetória que traz engrandecimento a este Parlamento por tê-lo como Presidente, não vai descontextualizar o que é fundamental e o que aconteceu em Porto Alegre: um fato extraordinário, um fato que ficará registrado na história da humanidade. Porto Alegre é o centro desse debate. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores que compõem esta Comissão Representativa, hoje reunida na sua segunda oportunidade, deixo denotar alguma dificuldade no falar, na medida em que não consigo debelar um estado de fala agudo que me tem acompanhado nos últimos dias. Mas isso não impede que venhamos à tribuna para nos somar aos companheiros de representação política com assento na Casa nos seus comentários acerca do cotidiano da cidade de Porto Alegre nesse final do mês de janeiro e início de fevereiro, em que o fato marcante foi o Fórum Social Mundial realizado em nosso território. De fato, existem alguns aspectos envolvendo a realização desse evento que não podem deixar de ser objeto de algumas considerações. Desde logo, quero acentuar que, de há muito, me considerei excluído desse processo, até mesmo pelo discurso dos seus organizadores, que deixavam denotar, a meu juízo, o princípio de uma partidarização na sua organização, partidarização essa que, lamentavelmente, acabou-se comprovando por inteiro. Hoje não é um Vereador do PFL, liberal, que faz essa afirmação; a imprensa nacional e internacional registra manifestações de ilustres convidados do Fórum, que registram esse fato da partidarização do Fórum e a sua transformação em palanque eleitoral, que ensejou, inclusive, o desdobramento de alguns duelos entre as duas correntes que lutam pela hegemonia no Partido dos Trabalhadores e na Frente Popular.

O Ver. José Fortunati, agora se diz que foi excluído, o que é pior, por um pequeno segmento do Fórum. Se houvesse sido uma decisão dos mais responsáveis, aconteceria de se entender que o Ver. José Fortunati não deveria estar presente naquele palanque, não deveria dividir, como candidato ao Governo do Estado, o palanque em que o Prefeito Tarso Genro e o Governador Olívio Dutra buscaram ocupar com grande intensidade. Eu até entendo que, naquela festa fenomenal que ocorreu ontem no encerramento do Fórum na cidade de Porto Alegre, também deveria estar presente o Presidente da Câmara. Afinal de contas, esta cidade, dentro da estrutura político-administrativa, é constituída de dois Poderes: o Poder Executivo, o Poder Legislativo, e este é hoje presidido pelo Ver. José Fortunati.

Mas as coisas nesse Fórum ocorreram de forma muito clara, a evidenciar essa manipulação político-partidária de que o Governo foi objeto. E quem diz agora não é o Ver. Reginaldo Pujol, não é um inconformado da oposição que esteja a sustentar essa posição. O próprio Prefeito desta Cidade, Tarso Genro, não deixa dúvida de que foi sabotado na sua participação no Fórum, à medida em que a TVE, órgão oficial do Governo do Estado, ao transmitir aquele evento, de uma forma muito clara e nítida, excluiu sua participação nos atos de abertura. Não é um ex-petista, um intransigente combatente do PT que está fazendo essa afirmação; é o próprio candidato a Governador e pré-candidato Tarso Genro, Prefeito desta cidade, liderança expressiva do PT, que acentua essa face bastante clara, nítida e expressa do duelo político interno do PT, com a sua eliminação na divulgação da abertura do Fórum Social pela emissora oficial do Governo do Estado, a TV Educativa, a TV Estado. Isso, junto a outra parafernália que aqui ocorreu, a invasão do Movimento pela Moradia em um prédio na Rua da Praia; a dengue registrada em quatro pessoas no acampamento organizado aqui no Parque da Harmonia e no Parque Marinha do Brasil; o discurso socialista, até superado; tudo isso fecha um quadro.

Tudo acontece numa cidade onde a gasolina e o custo de vida são os mais caros do Brasil. Isso nenhum Fórum vai fazer com que um vigilante integrante desta Casa deixe de reconhecer. Muito bom o Fórum, alegria de todos os nossos hoteleiros, grande divulgação da Cidade; mas não esconde, como foi escondido os meninos e os mendigos durante esse período, que em Porto Alegre existe o maior preço da gasolina neste País e que a cesta básica é a mais cara de todo o território brasileiro. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, esta é a primeira Reunião após a posse do Ver. José Fortunati na Presidência da Casa de que eu participo. Ver. José Fortunati, quero dizer do meu orgulho e da minha satisfação em tê-lo como Presidente da Casa. Participei dessa luta para a sua eleição e sinto-me absolutamente satisfeito com essa decisão da Casa com uma maioria significativa.

Em segundo lugar, gostaria de fazer um registro que a mim, particularmente, me incomodou muito, e como eu sei que o Ver. Nereu D’Avila, na Liderança do PDT, tomará igualmente uma providência quero apenas me somar a ela. Mais do que uma Moção de Repúdio, ou alguma coisa parecida pela situação vivida pelo Ver. José Fortunati, eu entendo que deveria haver uma decisão da Mesa, da Casa e das lideranças no sentido de fazer um documento formal de protesto junto aos promotores do Fórum Mundial Social. Isso não vai diminuir a importância do Fórum evidentemente, embora a Ver.ª Sofia Cavedon talvez não queira assinar, mas eu faço questão de assinar, porque eu acho que o que se teve foi um desrespeito com o Presidente da Câmara de Vereadores, a Câmara de Vereadores que virou banheiro do acampamento da juventude, banheiro no duplo sentido: banheiro de privada e banheiro de chuveiro, porque a Prefeitura não foi capaz de criar infra-estrutura suficiente e necessária para receber os jovens que vieram de todo o mundo, especialmente de todo o Brasil. A Câmara de Vereadores, cujos gabinetes de Vereadores foram visitados, durante toda a semana, por jovens que pediam dinheiro para poder voltar para casa, porque foram roubados, no acampamento, os seus pertences, os seus documentos e as suas bolsas com dinheiro, o pouco dinheiro que certamente a maioria deles trouxe, o que é comum entre os jovens que gostam de viajar.

Esta Casa, até pela proximidade, tem uma relação direta com o Fórum, foi desrespeitada através do seu Presidente, porque a negativa de participação não se deu a um simples Vereador, o que já seria um desrespeito, mas se deu a um Vereador que é, no momento, o Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, parte do Poder Municipal, este mesmo Poder Municipal que investiu, certamente, pesadas somas do seu Orçamento, ao invés de resolver problemas de alagamento no 4.º Distrito, gasta para promoção do Fórum Social e deverá, segundo anunciam, investir novamente no ano que vem, mas lembro que o Orçamento vai passar aqui nesta Casa, e se não se têm respeito pela Casa e pelo seu Presidente, não há motivos para termos também respeito por aqueles que não se dão ao respeito.

Quanto ao debate em si e a proibição não só do Ver. José Fortunati, como de tantos outros, eu lembro que o contraponto é muito interessante de observarmos, e não vou falar a respeito do Fórum de Nova Iorque, vou falar do outro Fórum que se faz todos os anos aqui em Porto Alegre, e os outdoors estão aí já anunciando, eu vou falar a respeito do Fórum da Liberdade. José Genoíno, Aloísio Mercadante, Olívio Dutra, Tarso Genro, Lula, Maria Vitória Benevides, entre outros dos quais me lembrei rapidamente, foram alguns dos vários debatedores convidados, não inscritos, não podendo participar, convidados para exporem as suas idéias e debater em mesas com a ampla participação dos plenários do Fórum da Liberdade. Pois, curiosamente, algumas pessoas, algumas autoridades que queriam apenas participar, apenas acompanhar, foram proibidas de inscrever-se. Se isso é democracia, desculpe, porque o meu dicionário do Norberto Bobbio deve estar errado, porque lá está escrito que democracia é exatamente a possibilidade de participação de todos com as suas diferentes idéias, muito especialmente as minorias que seriam aquelas que estariam aqui, oriundas de outros segmentos que não aqueles da esquerda de todo o mundo.

Então, eu acredito, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que a preocupação do Ver. Juarez Pinheiro não tem nenhum sentido, ninguém pode diminuir a importância do Fórum Mundial Social, a não ser o próprio Fórum. Porque se o Fórum se desrespeita, se o Fórum se apequena na medida em que censura, proíbe e rejeita, quem vai se diminuir é o Fórum e os seus responsáveis, não qualquer outro acontecimento paralelo. Afora isso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu quero alertar sobretudo o Sr. Renato Guimarães, Diretor da FASC, que eu estou bem informado sobre as perseguições que funcionários da FASC, do Abrigo Ingá Brita estão sofrendo, não sei se ele está bem informado. Nós vamos começar a tomar as providências a partir desta semana, para que logo depois do carnaval se possa realmente dar encaminhamento à questão. Todos aqueles que tiverem a coragem, Ver.ª Sofia Cavedon que me honra com a sua audiência neste momento, de ir ao Juiz, de ir ao Promotor denunciar a situação do Ingá Brita foram removidos, estão sendo retiradas as horas-extras ou estão sendo trocados os seus horários de serviços, colocando sobre os horários das suas aulas nas Universidades. Isso se chama perseguição política, isso se chama mesquinharia, e isso será denunciado aqui neste Plenário a partir da próxima semana. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Nereu D’Avila está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

 

O SR. NEREU D’ÁVILA: Ilustre Presidente, recém-eleito desta Casa, Ver. José Fortunati, Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras. Ocupo a Liderança neste momento da Bancada do Partido Democrático Trabalhista para lamentar profundamente o infausto acontecimento da edição do II Fórum Social Mundial nesta Capital, recém findo. Nós estamos apresentando uma Moção de Repúdio aos organizadores do Fórum por uma atitude equivocada, inédita e discriminatória. E se fosse para qualquer pessoa que já estava previamente inscrita, convidada, já seria constrangedor. Agora, trata-se de uma pessoa que, no âmbito do Município, como Vice-Prefeito, por ocasião da realização do I Fórum, participou atuantemente, dando inclusive os foros de receptividade em nome do Município de Porto Alegre, na condição de autoridade municipal. Agora, transferindo-se de partido, não perdeu, em nenhum momento, o seu corte vertical democrático, a sua postura pluralista de pensamento, a sua condição de homem vinculado às causas populares, identificada historicamente em lutas sindicais, inclusive na CUT, no Sindicato dos Bancários, como Presidente, como Deputado Estadual e Federal, sempre ao lado dos trabalhadores, um corte nitidamente esquerdista, hoje Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, candidato ao Governo do Estado pelo Partido Democrático Trabalhista, um partido forte. Se fosse uma pessoa comum seria constrangedor, seria abominável e condenável, mas se tratando de uma figura como a de José Fortunati, não só pelo seu perfil que tracei, mas pela sua representatividade na sociedade gaúcha, inclusive como candidato já lançado por um dos maiores partidos do Estado. Então, esse indigitado veto consistiu num constrangimento inadmissível. O inusitado “desconvite” ocorreu no sábado, na véspera do evento. Não resta dúvida de que o móvel de tal atitude foi a transferência de partido do nosso Presidente José Fortunati, o que denota o sectarismo do evento em tela. Gize-se que ilustres pensadores têm afirmado essa característica do Fórum em destaque, a que seus organizadores prontamente rebatem com sofismas acerca de inúmeras exclusões anteriores de personalidades de relevo.

O Sr. Leonel Brizola é, seguramente, o melhor amigo do Sr. Mário Soares, que foi festivamente recebido por todos os organizadores e por todos os componentes do Fórum que aí estavam presentes. O PDT é, seguramente, o único Partido brasileiro que pertence à Internacional Socialista, o Sr. Leonel Brizola foi Vice-Presidente da Internacional Socialista, então é inequívoca a vinculação internacional do nosso Partido, do nosso Líder, e agora, evidentemente, do nosso Presidente da Câmara. Então, nesta atual situação, não há espaço para tergiversações, pois trata-se de uma figura de tradição no campo democrático popular, que se filiou a um partido com o mesmo corte ideológico, à única agremiação partidária brasileira com assento na Internacional Socialista, como acabo de dizer. Então, esse Fórum, um acontecimento patrocinado com recursos públicos e que pretende articular um novo mundo, que pretende ser pluralista, foi, com gesto tão ignominioso, negativamente, manchete de todos os jornais brasileiros e, principalmente, gaúchos.

Nosso Partido, ontem, oficialmente, posicionou-se, pela sua Executiva Regional, fazendo um ato de desagravo ao Presidente da Casa, José Fortunati. E nós, da Bancada do PDT, que, recentemente, tivemos o privilégio de recebê-lo, e esta Casa, agora tendo-o como seu novel Presidente, não poderíamos silenciar, e só poderíamos ter este gesto de repúdio. Eu vi e ouvi o debate, anteontem, na TVCOM, de que participavam o Deputado Marcos Rolim, outros Deputados e inclusive o Deputado Alceu Collares. O Deputado Alceu Collares perguntava: “O que houve?” O Deputado Marcos Rolim respondia: “Foi um segmento do Fórum.” Não houve explicação; ele mesmo não deu uma explicação plausível, enroscou-se! Não há uma explicação plausível.

Diante disso estamos apresentando esta Moção, até lamentando essa nódoa para um Fórum que se pretende, repito, ambiciosamente, com um nível internacional, mas que está com pecadilhos, não apontados somente pelo PDT em relação a essa ignominiosa atitude de discriminação com a figura, hoje, insofismavelmente postada no campo popular, democrático, socialista e de esquerda, mas também pelo Prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro, que, ontem, por 100 quilowatts desta Capital, também lamentou que o Fórum servisse para que uma emissora de TV estatal, que ao povo pertence, com recursos públicos, tivesse discriminado o próprio Prefeito do Partido dos Trabalhadores, patrocinador desse Fórum. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Solicito ao Sr. 3.º Secretário que proceda à chamada para a verificação de quórum para a entrada na Ordem do Dia.

 

O SR. SECRETÁRIO: (Procede à chamada nominal.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): (Após a chamada nominal.) Não há quórum. Estão encerrados os trabalhos da presente Reunião.

 

(Encerra-se a Reunião às 10h28min.)

 

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